Nota de pesar da Casa de Cultura Polônia Brasil pelo incêndio no Museu Nacional.

Na noite do domingo, 02 de setembro de 2018, assistimos atônitos e estarrecidos, permeados pela tristeza, dissabor e revolta, a destruição do Museu Nacional do Rio de Janeiro pelas chamas. Foram 200 anos de história queimados diante dos nossos olhos.

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O Museu foi criado em 1818 por Dom João VI. O atual prédio, em São Cristovão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, era o antigo Palácio Imperial. O patrimônio material queimado era composto de mais de 20 milhões de objetos, sendo também um espaço de reunião de coleções botânicas, zoológicas, entomológicas, paleontológicas, arqueológicas, etnográficas, mas, sobretudo, históricas. O Museu detinha no seu acervo o resultado de coletas ao longo destes 200 anos de trabalho, que entre eles estavam obras egípcias, africanas, indígenas entre muitas outras, recolhidas desde o período colonial, passando pelo período imperial e depois republicano.

O crânio de Luzia, a mais antiga evidência humana do Brasil e uma das mais antigas do mundo datado de mais de 11 mil anos; a maior coleção de antigo Egito da América Latina, com múmias em sarcófagos ainda não abertos; a estrutura do próprio palácio imperial, entre outras importantes coleções de História Natural e obras raras.

Resta a tristeza e indignação, mas fica o alerta para a necessidade de preservação do patrimônio material, seja por meio de museus, arquivos e/ou bibliotecas. É, portanto, dever de toda a sociedade, que inclui poder público e privado (com e sem fins lucrativos) e também os cidadãos de forma geral, formar uma grande rede, que somente fortalecida e articulada, terá condições de zelar pela memória e história da humanidade.

Ressaltamos nossa preocupação ao abandono e sucateamento das instituições culturais, patrimoniais e educacionais brasileiras e expressamos nossa solidariedade com a comunidade acadêmica do Museu Nacional e da UFRJ.

Pesarosamente,

A Casa de Cultura Polônia Brasil, em 03 de setembro de 2018.

(Texto elaborado por Rhuan Targino Zaleski Trindade e Schirlei Mari Freder, ambos pesquisadores na área de Patrimônio Cultural).